terça-feira, 12 de maio de 2009

USP realizará vestibular inédito para a sua 1ª graduação à distância

Processo seletivo está previsto para acontecer no dia 2 de agosto. Com
360 vagas, o curso de licenciatura em ciências terá 4 pólos.

Fernanda Calgaro Do G1, em São Paulo | 12/05/2009

Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL1122859-5604,00-USP+REALIZARA+VESTIBULAR+INEDITO+PARA+A+SUA+GRADUACAO+A+DISTANCIA.html

A Universidade de São Paulo (USP) irá realizar um vestibular inédito para o seu primeiro curso de graduação à distância. Serão oferecidas 360 vagas em licenciatura em ciências, que funcionará em quatro pólos. A previsão é que as inscrições para o processo seletivo sejam abertas
ainda em julho e a prova aconteça no dia 2 de agosto. O início das aulas está programado para o dia 21 de setembro.

A graduação funcionará nos campi do Butantã, na capital (90 vagas), em São Carlos (90 vagas), em Piracicaba (90 vagas) e em Ribeirão Preto (90 vagas). Metade das aulas será presencial e os alunos terão de ir ao campus todos os sábados. A duração do curso será de quatro anos, divididos em oito semestres.

O curso é voltado, essencialmente, para a qualificação de professores que atuam na educação básica sem a formação adequada. Estimativas apontam déficit de cerca de 200 mil professores em ciências no país. Até por isso, a expectativa é que a procura maior seja de pessoas mais maduras e que já estejam no mercado de trabalho.

“Há uma grande demanda para essas áreas e a educação à distância pode ser uma solução, porque o profissional pode mais facilmente conciliar a graduação com a sua rotina”, afirma o professor José Cipolla Neto, coordenador do novo curso.

As aulas acontecerão uma única vez por semana, aos sábados, com foco na parte laboratorial. Durante a semana, o aluno terá atividades para realizar por meio do portal de internet que será disponibilizado. Parte das aulas será por teleconferência, em que o professor fica em um dos campi e a aula é transmitida em tempo real para os outros pólos. Tutores e educadores acompanharão os alunos na sala de aula.

Processo seletivo

A seleção, que será feita pela Fuvest, terá uma única fase. A prova será composta por 50 questões de múltipla escolha e uma redação.

Como a proposta é qualificar docentes, professores em exercício sem formação superior receberão um bônus de 10% na nota final da prova. Docentes em exercício com curso superior, mas sem qualificação para a área terão uma bonificação de 8% na nota.

O valor da taxa de inscrição será de R$ 30. Haverá a concessão de redução ou isenção da taxa, mas os critérios ainda serão divulgados em edital, a ser publicado nas próximas semanas. Para o próximo ano, o curso deverá fazer parte do vestibular tradicional da Fuvest no final do ano. Portanto, o ingresso da segunda turma de licenciatura em ciências será para 2011.

A coordenação do curso é feita por uma equipe multidisciplinar com 13 profissionais. Cada pólo terá quatro docentes, três tutores e três educadores. “A qualificação dos professores é padrão USP, com titulação mínima de doutorado e dedicação integral”, afirma Cipolla. Segundo ele, haverá um educador e um tutor para cada 30 alunos e um docente para cada 45 alunos.

O curso faz parte da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), programa proposto pelo governo estadual. A USP avalia ainda a possibilidade de oferecer outros cursos, além do de licenciatura em ciências: pedagogia, licenciatura em matemática e licenciatura em biologia.

domingo, 19 de abril de 2009

Considerações preliminares sobre o Ensino à Distância

Diretoria da Adusp-S. Sind., dezembro de 2008

As chamadas tecnologias de informação e comunicação (TIC) – que não caracterizam e nem sequer são exclusivas do ensino à distância (EàD) – têm deixado de ser incorporadas no ensino presencial, entre outros motivos, pela falta de recursos materiais para promover a infra-estrutura física exigida para colocá-las à disposição dos interessados nas instituições. Educadores e pesquisadores têm se empenhado com seriedade ao desenvolvimento de um acervo de conhecimentos referentes ao EàD; contudo, algumas pessoas usam apenas parte do trabalho desses colegas para fazer uma defesa incondicional desse ensino. Assim, ao longo do tempo, instalou-se uma polarização ideológica que pouco esclarece: defensores incondicionais 1) do EàD e 2) da formação inicial presencial. Nos dias atuais, alguns defensores do EàD têm agido de forma contundente, tanto em nível nacional (exemplo: criação da Universidade Aberta do Brasil – UAB) como no âmbito de diversos estados, em especial no de São Paulo (exemplo: criação do Programa Universidade Virtual do Estado de São Paulo – Univesp). Suas alegações na defesa irrestrita do EàD incluem uma série de afirmações questionáveis e omitem informações essenciais para um melhor entendimento das questões envolvidas. Este texto apresenta alguns aspectos essencialmente críticos referentes ao tema que, sem dúvida, precisa ser analisado e discutido com maior cuidado e profundidade. A Adusp se propõe a fazer isto.

Tópicos tratados:
  1. Alega-se que não há recursos para a educação superior presencial e que, portanto, é preciso implantar o EàD
  2. As pessoas não têm acesso à educação presencial, portanto, é necessário implantar o EàD
  3. Limitações de cunho educacional do EàD
  4. Outras limitações do EàD
  5. Ambiente adequado aos estudos
  6. EàD não pode substituir o ensino presencial
  7. Professor “formado” por EàD poderá comprometer duas gerações
  8. O Brasil tem capacidade de expandir o ensino presencial
  9. O sucesso pode esconder o fracasso
  10. Moradia não é bom local de estudo
  11. EàD e recursos tecnológicos
  12. Será que o EàD é recomendável?
  13. Incluir os excluídos
Acesse o documento em PDF aqui.

Vida humana, formação inicial e ensino à distância... Em favor da formação inicial presencial em todos os níveis

Fórum Estadual em Defesa da Escola Pública (FEDEP-SP), abril de 2009
(Ação Educativa, Adunesp, Adunicamp, Adusp, AGB-SP, Ande, Apampesp, Apase, Cedes, CPP, CRP-SP, DCE-Unicamp, Fórum de EJA-SP, Fórum Permanente de Educação Inclusiva, GT Educação do Movimento Nossa São Paulo, Sinteps, Sintunesp, Umes, Upes).


Todos nós sabemos que vivemos num mundo de múltiplas transformações e de recursos técnicos e tecnológicos crescentes. Acreditamos que há critérios para sua utilização, em especial quando se trata de atividades que podem afetar direta ou indiretamente a vida humana. Toda atividade humana vital – aquelas que se desenvolvem por meio da relação direta entre seres humanos e se baseiam no contato, na observação, no toque, no diálogo, no convívio, isto é, aquelas realizadas por enfermeiros, médicos, dentistas e, sobretudo, professores, entre tantas outras – exige determinada formação qualificada e deve ter como pressuposto formativo tanto as informações essenciais para o seu exercício profissional, como o desenvolvimento de capacidades relacionais que permitam aprimorar leituras de registros e expressões da linguagem corporal-afetiva. As informações, como expressões meramente comunicativas, podem ser armazenadas e disponibilizadas em livros, computadores, televisores, vídeos, CDs, DVDs; contudo, a dimensão formativa relacional só pode ser realizada de forma presencial.

Não há como tratar o dente cariado de uma pessoa sem tocá-la. Também, não há como perceber quando um estudante não está entendendo algum assunto em aula, sem que se note em seu rosto (ou corpo) expressão angustiada ou alheia. É fundamental perceber a expressão de alívio ou felicidade de um paciente quando constata que houve progresso e que um tratamento adequado sanou um problema; ou os olhos brilhantes de um estudante, quando entende e participa em uma aula, demonstração inequívoca de alegria e satisfação. Por tudo isso, não se trata de sermos contra as potencialidades e as facilidades que novos processos, equipamentos e ferramentas dos tempos modernos nos colocam a todo o momento, e sim de afirmarmos que a formação inicial deve ser presencial para todos aqueles que realizam atividade humana vital. Leia aqui.

Ensino à distância?

Retirado do Jornal da USP, Ano XXIV, n° 847, de 6 a 12 de outubro de 2008, p. 2 | por Otaviano Helene, professor no Instituto de Física da USP e presidente da Associação dos Docentes da USP (Adusp) e Cézar Minto, professor na Faculdade de Educação da USP e vice-presidente da Associação dos Docentes da USP (Adusp).

O ensino à distância é um importante instrumento complementar ao ensino presencial e, também, uma alternativa eficiente para a solução de casos emergenciais, por exemplo, para o atendimento de pessoas: 1) com sérios problemas de saúde e ou de locomoção; 2) em situações de cárcere; 3) em regiões longínquas dos centros urbanos, onde o ensino presencial é ainda absolutamente inviável. É, sobretudo, com essa perspectiva que vários países o adotam. Entretanto, equivocadamente, no Brasil o ensino à distância tem sido proposto não para cumprir tais finalidades, mas sim em substituição ao ensino público presencial e, ademais, tem sido inadequadamente recomendado, em especial, para a formação de professores. Leia aqui.

EaD deve substituir o ensino presencial?

Retirado do Correio Braziliense de 22 de dezembro de 2008 | por Otaviano Helene, professor do Instituto de Física, presidente da Associação de Docentes da Universidade de São Paulo e Cézar Minto, professor da Faculdade de Educação, vice-presidente da Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo.

A educação a distância (EaD) tem recebido incentivos governamentais. No âmbito nacional, há o projeto Universidade Aberta do Brasil (UAB), em funcionamento por meio das universidades federais. No Estado de São Paulo, o executivo criou a Universidade Virtual (Univesp), já com projetos em andamento, e permitiu que até mesmo o ensino médio tenha 20% de sua carga horária a distância. Que motivações teriam tais iniciativas? Leia aqui.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Material EaD e UNIVESP

Reproduzimos abaixo postagem do Centro Acadêmico de Biologia da USP, datada de 12 de abril de 2009.

A questão sobre UNIVESP está na pauta do dia do Movimento Estudantil. O CABio entendemos que sempre o ME deve adotar uma postura propositiva sobre os temas que nos atingem, ou seja, não esperar que sejam implementados para depois lutar contra eles.
Além disso, entendemos também que os estudantes devem ter acesso ao máximo de informação. A luta pela melhoria da educação pública não pode ser baseada em informações errôneas sobre os projetos que somos contra.
O Centro Acadêmico de Biologia organiza desde abril de 2008 um Grupo de Discussão sobre UNIVESP e o Ensino à distância. A proposta deste espaço é a leitura e debate dos projetos atualmente existentes sobre o assunto visando sua compreensão e avaliação crítica.
Entendemos o método proposto pelo GD é o único que permite aos estudantes e suas entidades a compreensão de fato do projeto, imprescindível para que cheguemos às nossas próprias conclusões, recusando soluções prontas, alheias ao movimento estudantil.
A hora é de construir um movimento estudantil que tenha proposições, que estude os temas e que não se baseie apenas pela negação, do “sou contra” e sim se baseie em debates e formulação.
Visando a construção desse método de fazer movimento em que acreditamos, disponibilizamos à todos os estudantes da USP este material, construído desde o ano passado sobre Ensino à distância e UNIVESP. Esperamos que ele tenha amplo alcance e que ajude os estudantes a formarem suas próprias opiniões.

Abraços,
Flávia Ferrari - Presidente do CABio – Gestão Migração 07/08
Juliano Polidoro – Presidente do CABio – Gestão Candeia 08/09

Segue o material em pdf:
  • Introdução e textos de RNAm com comentários e contextualizações: pdf
  • Perguntas para a comissão da Bio e resposta do Prof. Paulo Sano: pdf
  • Projeto de EaD da Biologia: pdf
  • Ante-Projeto da UNIVESP: pdf
  • Documentos do CO de 10 de Fevereiro de 2009: 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6
Boa Leitura!

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Programa da universidade virtual de SP foi ao ar nesta terça

Da redação do portal UOL Vestibular, com informações do Governo do Estado de São Paulo e da Agência Fapesp, em 07/04/2009

O Univesp TV, programa da TV Cultura que exibirá a programação educativa de apoio à Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo) foi ao ar nesta terça-feira (7), às 23h10. A universidade é resultado de parceria da Secretaria de Ensino Superior e da Fundação Padre Anchieta com a Unesp, a USP e a Unicamp.

O programa será semanal e exibirá atrações ligadas aos cursos de graduação e pós-graduação dessas universidades, que serão veiculados ao vivo no horário das atividades presenciais. Na estreia, o Univesp TV explicou como funcionará a universidade.

Univesp

As graduações ainda não começaram a ser oferecidas. Três cursos já têm início programado: Especialização em Ética, Valores e Saúde na Escola (maio), Pedagogia (agosto) e Licenciatura em Ciências (setembro).

O objetivo é atingir, em três etapas, cerca de 180 mil professores e gestores da rede estadual de ensino, com uma oferta inicial de 60 mil vagas.

Conselho de Centros Acadêmicos da USP repudia Univesp

No último Conselho de Graduação da USP (CoG), realizado na quinta-feira dia 11 de dezembro de 2008, foi apresentada uma minuta feita pela pró-reitora de graduação, Profa. Dra. Selma Garrido Pimenta, em resposta ao protocolo de intenções, de 16 de abril de 2008, firmado entre a Secretaria de Ensino Superior e a Universidade de São Paulo, para a implementação do programa “Universidade Virtual do Estado de São Paulo – UNIVESP”.


A UNIVESP é um programa criado pela Secretaria de Ensino Superior do Estado de São Paulo, que se propõe a democratizar o acesso à universidade pública através de cursos de graduação (licenciaturas) com 80% de aulas a distância. A maior crítica que o movimento estudantil (ME) tem em relação à UNIVESP é a qualidade da formação que estará sendo oferecida a esses alunos, pois, o ensino a distância não garante a formação com os três pés da universidade (ensino, pesquisa e extensão), não permite a dinâmica viva da sala de aula e o contato cotidiano com os colegas de curso e de outros cursos também. Além disso, o projeto promete um bônus salarial e dispensa das aulas presenciais os professores que a ele aderirem. Não teremos contratação de mais professores para a UNIVESP, portanto, teremos falta de professores para os cursos presenciais.


A minuta da pró-reitora e o protocolo de intenções só chegaram às mãos dos conselheiros no mesmo dia, no início da reunião. A UNIVESP nunca havia sido debatida no CoG, tampouco no Co, entretanto, logo de início, Selma Garrido deixou claro que, ali, não estaria em discussão se a USP participaria ou não, dado que a USP participaria, bastava o CoG definir como participaríamos, pois essa pauta já havia passado pelo Co. Discordando da afirmação da pró-reitora, os Representantes Discentes (RDs) pediram para ver a ata da referida reunião do Co.


A minuta elaborada pela pró-reitora começa falando sobre a (falsa) aprovação do protocolo de intenções de abril pelo Conselho Universitário, depois justifica o ensino a distância na USP pelas regulamentações em nível federal, estadual e no âmbito da USP. Acompanhando a minuta, há uma portaria que traça “diretrizes gerais para elaboração, pelas Unidades Universitárias da Universidade de São Paulo (USP), de propostas de criação de Cursos de Graduação do Programa USP/UNIVESP; procedimentos para análise do mérito acadêmico das propostas de criação de cursos pelos Órgãos Colegiados competentes do Conselho de Graduação; bem como procedimentos para a realização do Concurso Vestibular, (…)”. A portaria se compõe de cinco artigos que são demasiadamente vagos e não se aprofundam nos detalhes do ensino a distância.


Várias foram as intervenções questionando o programa USP/UNIVESP, a minuta e a portaria, vários foram os pedidos de professores e estudantes para que se fosse discutida a pauta com mais tempo. Entretanto, a pró-reitora dizia que esta deliberação era apenas para institucionalizar o ensino a distância na USP, que não estávamos analisando um curso em específico e sim traçando diretrizes gerais e que isto precisava ser aprovado ali para que houvesse o vestibular para esses cursos na metade do ano de 2009. Quando quis partir logo para os encaminhamentos, foi questionada pela décima vez sobre a ata do Co e sua secretária admitiu que a pauta não havia passado por lá e sim pela COP (Comissão de Orçamento e Patrimônio). A proposta de professores e estudantes, de que se retirasse de pauta a minuta e de que se encaminhasse um Grupo de Trabalho que a discutisse detalhadamente foi simplesmente ignorada. Selma Garrido nos impôs duas possibilidades: aprovar ou aprovar, a sua minuta. No ato da votação apenas quis contabilizar os favoráveis e as abstenções, então os RDs pediram para que se fosse encaminhado de forma correta, a fim de contabilizar também os votos contrários. Foram 15 votos favoráveis e 13 votos contrários.


A estrutura anti-democrática da Universidade corrobora para que decisões como esta sejam feitas de forma atropelada, desrespeitando a autonomia da universidade.


Defendemos a ampliação do acesso à USP, contudo, esta ampliação deve ser feita com qualidade, com expansão de vagas presenciais na universidade, permitindo a formação consistente de todos os alunos.


Conselho de Centros Acadêmicos da USP (CCA), 13 de dezembro de 2008

Programa semanal da TV Cultura mostrará Universidade Virtual

da Acessoria de Imprensa da TV Cultura, 03 de abril de 2009

O programa Univesp TV vai mostrar ao público o melhor da programação do novo canal digital.

Na última terça-feira, 7 de abril, entrou no ar um novo programa da TV Cultura -- o Univesp TV. Apresentado pela jornalista Mônica Teixeira, a atração vai exibir o melhor da programação educativo-cultural do canal digital que a Fundação Padre Anchieta criou para apoiar o programa do governo Universidade Virtual do Estado de São Paulo.

O programa de estreia, além de explicar detalhadamente como vai funcionar a universidade virtual paulista, abordou o tema linguagem e educação, destacando a sua aplicação ao desenvolvimento da leitura e à produção de textos. O conteúdo, parte do curso de Pedagogia da Univesp, desenvolvido pela Unesp, mostra que, para se comunicar melhor - falando ou escrevendo -, é preciso saber interpretar e redigir textos.

Com uma hora de duração, com início às 23h10, a atração exibiu ainda dois "verbetes eletrônicos". O primeiro sobre o filósofo e educador John Dewey (1859-1952), um dos mais importantes pedagogos americanos. Dewey influencia até hoje a educação no Brasil. O outro mostrou a vida e a obra do linguista suíço Ferdinand de Saussure (1857-1913), cujas elaborações teóricas propiciaram o desenvolvimento da linguística como ciência.

Sobre o canal digital
O Univesp TV é um canal digital que a TV Cultura vai dedicar exclusivamente ao programa Universidade Virtual do Estado de São Paulo, uma iniciativa da Secretaria de Ensino Superior em parceria com a Fundação Padre Anchieta e as universidades públicas estaduais Unesp, Usp e Unicamp, para ampliar o acesso da população paulista ao ensino superior público de qualidade. O programa Universidade Virtual utiliza os recursos das novas tecnologias de informação e comunicação, como a TV digital e a Internet, para ampliar o número de vagas nessas instituições e dar maior abrangência geográfica à oferta dos cursos.

Em sua grade, o canal terá espaço para programas diretamente ligados aos cursos de graduação e pós-graduação dessas universidades, que serão veiculados ao vivo no horário das atividades presenciais. Programas complementares sobre temas curriculares também serão transmitidos.

Serviço:
Univesp TV
Exibição: às terças-feiras, às 23h10

Com "pé atrás", José Serra assina decreto que cria universidade de ensino a distância

retirado do portal UOL Educação, em 09/10/2008
O governador de São Paulo, José Serra, assinou na tarde desta quinta-feira (9) o decreto que cria a Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), sistema de ensino superior a distância. "Eu mesmo tenho o pé atrás [com a educação a distância]. Vendo TV, fico me perguntando se dá mesmo para aprender", disse logo após dar sinal verde para o projeto.

A Univesp é formada pela parceria das três universidades estaduais paulistas: USP, Unesp e Unicamp. O programa vai ter ênfase na pedagogia e prevê a abertura de 6.600 vagas já em 2009. "As universidades vão caprichar porque são as três melhores do país e não darão aula sem qualidade", garantiu Serra.

Os cursos serão gratuitos, mas o projeto custará R$ 25 milhões por ano aos cofres públicos. "Não estamos tirando da verba das universidades. Deveríamos, porque é para o ensino superior publico, mas não estamos. E isso é para mostrar a importância que esse programa tem para nós", esclareceu o governador, que classificou o dia de hoje como "histórico".

Como funciona
Serão destinadas 5.000 vagas para a graduação de pedagogia na Unesp, 700 de licenciatura em biologia e outras 900 de licenciatura em ciências, ambas na USP. A Unicamp ainda não tem suas vagas definidas.

O primeiro módulo do programa, conforme o plano, terá cursos para ampliar a oferta de vagas na formação de professores em áreas básicas, como línguas, física, química e biologia. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, somente na rede estadual de São Paulo, há 25 mil professores sem diploma superior (10% do total).

Simultaneamente, serão desenvolvidos cursos de especialização voltados a professores da rede estadual de ensino, da 5ª série ao ensino médio. A expectativa é de que 110 mil docentes ingressem no ano que vem em 16 cursos de pós-graduação (13 de disciplinas e três de gestão).

Alguns cursos de especialização já são estudados para implantação: filosofia, sociologia, educação em direitos humanos, ética e saúde na escola, ciências, espanhol, gestão escolar, economia ambiental, vigilância sanitária, terapia intensiva integrada, ações em saúde, reabilitação de pacientes amputados.

Ingresso na universidade
O ingresso na Univesp será feito como um vestibular normal. Será publicado edital com informações sobre o processo seletivo. Ainda não há datas definidas, mas a expectativa é de que esses cursos já comecem a funcionar em março de 2009.

Segundo o secretário de Ensino Superior, Carlos Vogt, o sistema de cotas obedecerá as atuais políticas das universidades, "que já contemplam, de alguma forma, esse aspecto fundamental da participação dos jovens na busca do ingresso no ensino superior. O que vamos fazer é continuar a respeitar essas políticas".

A idéia é criar uma rede virtual de ensino superior chancelada pelo prestígio acadêmico das estaduais. Por meio da rede, o aluno poderá assistir aulas, consultar uma biblioteca virtual e acompanhar pela TV o material de apoio pedagógico. O restante do programa pouco difere do ensino tradicional, com provas e aulas presenciais nos pólos.

Vogt explica que haverá um canal aberto 24 horas que repetirá a programação a cada oito horas. A grade curricular ficará a cargo das universidades. "O projeto nasce com universidades públicas, mas estará aberto, no futuro, a parcerias com outras instituições, inclusive as particulares", disse o secretário.

Ensino à Distância: equívocos, legislação e defesa da formação presencial

publicado em fevereiro de 2007 na revista Universidade e Sociedade n° 39, do ANDES-SN, por Beatriz Alexandrina de Moura Fétizon e César Augusto Minto

Este artigo contém três seções. A primeira, Desfazendo equívocos, tenta problematizar a polarização entre visões antagônicas sobre o uso do Ensino à Distância (EaD) e as posturas ideológicas que têm permeado o debate deste tema no Brasil; questiona a indistinção entre educação e ensino, e busca desfazer as confusões entre o EaD e a mera utilização de técnicas de informação e comunicação e entre conhecimento e acúmulo de informações. A segunda, O que diz a legislação sobre EaD, analisa, de forma breve, o que emana sobre este tema da CF/1988, da LDB/1996, do Decreto Presidencial nº 5.622/2005, da Portaria Ministerial nº 4.321/2004 e da Resolução nº 1/2001 do CNE/CES, tecendo algumas críticas. E a terceira, Defesa da formação presencial, questiona a tentativa de adoção indiscriminada do EaD na educação sistemática, enquanto política pública, apresentando, em especial, argumentos de cunho sociológico, filosófico, psicopedagógico e metodológico para mostrar que tal adoção não é adequada, sobretudo para a formação de professores que, no limite, deve comportar uma espécie de “cláusula de barreira” para impedir que isto aconteça.

Clique aqui e leia o artigo.

Tecnologia e educação: trabalho e formação docente

por Raquel Goulart Barreto, em setembro-dezembro de 2004

Este trabalho analisa as construções teóricas e ideológicas relativas à precarização de trabalho e formação docente, tendo em vista os discursos que sustentam as políticas em curso. Para tanto, discute: (1) as tecnologias da informação e da comunicação (TIC) como elo entre “globalização” e trabalho docente; (2) o modo de inserção dessas tecnologias na chamada “sociedade da informação”; (3) a materialização discursiva de tal inserção; (4) as conseqüências da redução das tecnologias a estratégias de educação a distância, destacando o apartheid educacional produzido; (5) a relação-chave entre tecnologias e competências; e (6) as tendências detectadas no con texto atual: a formação baseada em competências, a ênfase nos materiais instrucionais e a desterritorialização da escola, bem como as propostas contra-hegemônicas.

Baixe aqui o trabalho.

A (nova) política de formação de professores: a prioridade postergada

por Helena Costa Lopes de Freitas, outubro de 2007.

O texto examina as políticas e programas no campo da formação do atual governo, identificando linhas de uma política marcada por ações de formação focalizadas, de cursos a distância, pela Universidade Aberta do Brasil. Analisa suas relações com a transformação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) em agência reguladora da formação de professores. Tomando por referência a base comum nacional, indica as condições para uma política global de formação e profissionalização dos profissionais da educação, nos termos defendidos pela área da educação e pela Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação (ANFOPE).

Acesse o texto aqui.

Projeto da Universidade Aberta do Brasil

Lei aqui o projeto da UAB.

Relatório da Comissão Acessora para Educação Superior a Distância

Aprofundado relatório da Comissão Acessora para Educação Superior a Distância, de agosto de 2002, que defende a integração da educação a distância ao planejamento pedagógico das instituições de Ensino Superior.
Leia aqui.

Avanço do Ensino à Distância exige debates sobre o tema

retirado do site da Adusp | 30 de março de 2009

O Ensino à Distância (EàD) avança a passos largos no Brasil. Para além das empreitadas dos governos federal e estadual em favor do EàD, que se consubstanciam na Universidade Aberta do Brasil (UAB) e na Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), o Conselho Universitário da USP recentemente aprovou sua primeira Licenciatura à Distância em Ciências (vide Informativo Adusp nº 274). Isso, em contrariedade ao fato de que a formação inicial presencial é imprescindível no ensino superior, ainda mais no caso de professores.

O uso de instrumentos educacionais complementares às aulas presenciais, inclusive os que não exigem a presença dos estudantes, pode ser muito útil. Cursos à distância também podem contribuir para a complementação da formação profissional. A forma que o EàD tem tomado no Brasil, porém, é inaceitável: ao invés de complementar o ensino presencial, ele surge no lugar da sua necessária expansão. Há que se desfazer os enganos, bem como discutir com cuidado e profundidade esse tema.

Tem se alegado, em favor do EàD, a impossibilidade econômica do país melhorar e ampliar o ensino presencial. Esse argumento é falso. O Brasil emprega apenas cerca de 3,5% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em Educação, valor que poderia ser muito aumentado. Note-se que, apenas nos últimos cinco anos, o PIB brasileiro, que corresponde à soma das riquezas aqui produzidas, cresceu cerca de 20%. Se uma parcela desse crescimento fosse destinado à Educação pública, nossa situação poderia ser bem diferente. Portanto, não há impossibilidade econômica, pois recursos existem.

Há, em verdade, uma política deliberada de não se investir o necessário em Educação: 3,5% do PIB é insuficiente para manter um bom sistema educacional e muito insuficiente para recuperar atrasos educacionais como os nossos. O previsto no Plano Nacional de Educação (PNE), vetado pelo presidente FHC, cujo veto é mantido pelo presidente Lula, é duas vezes maior que esse valor (como apontado na proposta de PNE construída pela sociedade brasileira).

Limitações educacionais

Do ponto de vista educacional, o EàD certamente trará uma série de limitações para os estudantes. Por exemplo, o contato direto e intenso entre educandos e educadores e entre os próprios estudantes, em que as feições faciais e entonações que complementam as palavras são imprescindíveis para o entendimento de questões e respostas e para que o processo de aprendizagem aconteça com qualidade. O EàD não oferece possibilidades de iniciação científica e não abre o horizonte para estudos de pós-graduação.

Ademais, fica prejudicada a vivência universitária, não há atendimento médico, nem práticas esportivas, nem, mais gravemente, acesso imediato e direto a professores de diferentes áreas e sub-áreas. A possibilidade de discussões após as aulas e de estudos coletivos imediatos quando necessários não existe. Não há boas bibliotecas acessíveis, nem alimentação subsidiada. Soma-se a esses problemas o fato de que o ambiente doméstico é inadequado para os estudos, em especial para aqueles excluídos do ensino presencial. A educação presencial oferece condições de ensino e de aprendizagem que praticamente inexistem nos locais de moradia: por ­exem­plo, os horários de aulas, nos quais os estudantes se colocam necessariamente imersos em um e apenas um assunto. Isso é fundamental no processo educacional.

Tecnologias auxiliares

Os recursos técnicos e tecnológicos sempre foram e deverão continuar sendo utilizados nos processos de ensino e de aprendizagem, pois em muito podem contribuir para o aprendizado e para aguçar nas pessoas a vontade de aprender. Pode-se e deve-se usar a internet como auxiliar nos cursos, em especial para elucidar dúvidas e disponibilizar materiais de estudo. Contudo, não se pode superdimensionar o papel dessas tecnologias no ensino presencial – que dirá substituí-lo por aquelas.

É falso também o argumento, usado pela própria secretaria estadual de Ensino Superior, de que grandes contingentes populacionais não podem freqüentar o ensino presencial. Muitas vezes os estudantes potenciais residem em municípios ou mesmo em bairros em que há ensino superior público, presencial e de qualidade, mas que não oferecem vagas em quantidade suficiente. Quanto aos contingentes que estão efetivamente distantes, dever-se-ia considerar a necessária expansão do ensino superior público presencial, que cabe nos orçamentos públicos, tanto da União como do Estado.

Se muitos países adotam o EàD como algo adicional, certamente não é para suprir deficiências do ensino superior público presencial, mas sim para alcançar aqueles que, por motivo excepcional, não são atendidos por este ensino, tais como prisioneiros, pessoas impossibilitadas de locomoção, militares engajados em regiões de fronteira etc.

Ciclo vicioso

A intenção de oferecer aos professores o direito de se graduarem no ensino superior e de darem continuidade a seus estudos universitários não coaduna com o tipo de formação oferecida pelo EàD. A insistência nessa via poderá ter conseqüências muito danosas, que se propagarão pela segunda geração de estudantes: aquela “formada” pelos professores “formados” à distância, com alta probabilidade de instaurar um ciclo vicioso ininterrupto.

Quantos de nós gostaríamos de estudar ou permitiríamos que nossos filhos estudassem por meio do EàD? As elites certamente não optam pelo ensino à distância e talvez possamos afirmar que profissões de maior “prestígio social” jamais considerariam a hipótese de optar pelo EàD. Por que faríamos isso com a “formação” de professores para as próximas gerações? Por que ofereceríamos apenas e tão somente isso àqueles que, por razões sócio-econômicas e, sobretudo, pelo total sucateamento da Educação Básica, não estão tendo a oportunidade de freqüentar o ensino superior público presencial?

Univesp pode sobrecarregar docentes da USP

retirado do site da Adusp | 24 de novembro de 2008

Educação à Distância foi tema do debate em 18/11

O debate “Ensino à Distância na USP?”, organizado pelo DCE-Livre Alexandre Vannucchi Leme e centros acadêmicos da Pedagogia (“Professor Paulo Freire”) e da Biologia (Cabio), realizado em 18/11, com participação de professores e estudantes, foi marcado por fortes críticas à Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), do governo estadual, bem como à adesão da USP ao projeto.

Em 2009, a Univesp deverá oferecer cursos virtuais de graduação em Pedagogia, Biologia e Ciências para 6.600 professores dos ensinos fundamental e médio, e de pós-graduação para outros 110.000 (vide reportagem “‘Pós’ à distância para professores? Serra manda, USP acata!”, Informativo Adusp 269).

No debate, na Faculdade de Educação (FE), houve questionamentos à concepção de ensino aligeirado, aos métodos autoritários de implantação — e mesmo, no tocante à USP, sem debate e sem a devida aprovação dos novos cursos em instâncias como o Conselho de Graduação (CoG) — e no uso com fins eleitorais.

O professor César Minto, da FE e vice-presidente da Adusp, enfatizou, ao fazer a exposição inicial, a necessidade do ensino presencial no processo de formação e a importância da interação professor-estudantes-objetos de conhecimento. Para ele, o uso do EàD como substituto do ensino presencial (e não como técnica complementar que pode ser bastante útil em situações específicas) encaixa-se numa visão de universidade contrária ao tripé ensino-pesquisa-extensão e que sempre subordina a expansão de vagas a formas alternativas de qualidade discutível.

César ponderou que, “no Estado mais rico da nação”, a rede estadual de ensino não tem, a rigor, “bibliotecas e laboratórios, nem previsão de ter”. Lembrou que diversos países com déficit educacional investiram em média 10% do PIB na educação, enquanto no Brasil investe-se menos de 4% do PIB; e que, diante do impacto das revelações da CPI da Educação (2000), o governo optou pelas seguintes respostas: 1) gratificações para os professores e 2) oferta de cursos modulares, aligeirados, e com expressiva carga horária à distância, como os denominados “PEC/FOR PROF” e os atuais.

“Tudo muda!”

O professor Gil Marques, do Instituto de Física e titular da Coordenadoria de Tecnologia da Informação (CTI), foi o único a defender entusiasticamente a Univesp. “Tudo muda. Os conceitos que a gente entende que se aplicam ao processo de ensino-aprendizagem podem hoje não servir mais. Estamos diante de novas tecnologias. Tudo está ficando diferente!”, disse. Para ele, ocorreu uma “mudança de paradigma”.

Gil considera que a USP tem uma “dívida social”, na medida em que existe um “enorme número de professores sem formação adequada” e que não dominam o conteúdo. Por isso, propõe que sejam ofertados “novos cursos de licenciatura de claro interesse social”, e seja agregado “um pouco mais de valor ao ensino, usando os novos materiais didáticos” (a partir das tecnologias digitais). No decorrer do debate, ele admitiu que o número inicial de vagas dos cursos de graduação é excessivo: “Certamente 5.000 acho demais”.

Bem diferente foi a posição defendida pela professora Maria Clara Di Pierro, membro da “Comissão de Acompanhamento da Univesp”, criada pela congregação da Faculdade de Educação. Para ela, as chamadas novas tecnologias “podem ser recursos úteis, mas são inapropriadas para a formação inicial na graduação”.

Maria Clara enxerga nos cursos propostos uma série de problemas e riscos, a começar pelo que chamou de “naturalização da impossibilidade de expansão do ensino superior presencial”. Relatou que a proposta, feita há tempos, de criação de um curso matutino na Faculdade de Educação “não anda”, porque não há interesse da universidade em ampliar a folha de pagamento com as necessárias contratações de pessoal.

Entre as incongruências da Univesp, ela assinalou o fato de que a oferta de cursos não se baseia em estudos criteriosos de demanda e de impacto sobre o mercado de trabalho. Para a professora da FE, “pensado exclusivamente para licenciatura”, o projeto subentende a criação de profissionais de qualidade diferenciada, o que é condenável: “Não vamos formar físicos à distância, mas vamos formar professores de física à distância”, exemplificou.

“Sobretrabalho”

A Univesp, considera Maria Clara, opera com a idéia de ociosidade na jornada de trabalho docente, pois a própria reitora Suely Vilela informou que ninguém será contratado para esse projeto. “A idéia de que existe um ‘banco de horas’ dos professores que poderá ser utilizado na Univesp preocupa, pois existe o risco de sobretrabalho, de intensificação do trabalho docente”, adverte a professora, lembrando que a questão dos tutores e da estruturação das aulas não está sendo pensada.

O professor Bayardo Torres, do Instituto de Química, membro do grupo de trabalho que planejou o currículo de licenciatura à distância em Ciências, na gestão Adolpho Melfi, relatou a experiência: “Foram dois anos estruturando um currículo inteiramente novo”, esclareceu. No seu entender, nenhum curso pode ser aprovado ou reprovado simplesmente por ser presencial ou à distância: “O CoG aprova caso a caso”, frisou.

Ele realçou a importância da parte presencial do curso (45% da carga, no seu projeto). “Ninguém pensa em fazer um laboratório virtual”, disse. “Professor tem que ter estágio supervisionado”, acrescentou, em resposta a uma questão levantada pela professora Maria Clara. Segundo Bayardo, a criação de um Instituto do Aprendizado Eletrônico (nos moldes propostos por Gil Marques) é “imprescindível”. Ele declarou-se “completamente favorável” à implantação da Univesp, desde que dentro desse modelo.

Flávia Ferrari, estudante de Biociências e membro do DCE, criticou os pressupostos do projeto Univesp. Afirmou que um estudo do MEC, de 2007, mostra que nas áreas cobertas pelas graduações oferecidas há mais licenciados do que a demanda existente. “A questão não é a falta de professores, mas a falta de estímulo”, criticou. A Congregação do IB aprovou, segundo Flávia, proposta de um pró-labore de 60% do salário aos docentes da unidade que vierem a participar da Univesp.

Na mesma linha, Flávio Petracioli, estudante de Geo­grafia, também integrante do DCE, introduziu novos elementos no debate, ao reproduzir declarações de dirigentes de universidades virtuais européias (Open University e Universidade de Hagen, na Alemanha) que literalmente vinculam o EàD às forças de mercado e ao neoliberalismo. Ele informou que as congregações da FFLCH e do IQ rejeitaram a Univesp, que só teria sido aprovada pela congregação do IB.

"Instituto de Aprendizado Eletrônico"?

retirado do site da Adusp | 29 de setembro de 2008

A proposta de criação de um Instituto de Aprendizado Eletrônico (IAE), formulada por uma comissão especial, foi encaminhada pelo Conselho Universitário (CO), em sua sessão de 2/9, à Comissão de Atividades Acadêmicas (CAA) para que lá se discutam os fortes questionamentos, em especial da representação discente.

A reunião do CO estava convocada inicialmente para o dia 26/8. Seu adiamento ocorreu, segundo um dos representantes da pós-graduação, Pedro Silva Barros, porque a Comissão de Orçamento e Patrimônio (COP) decidiu, em sua reunião de 18/8, rejeitar a proposta de criação do IAE: “A proposta chegou à COP antes de a CAA deliberar sobre ela. Para acelerar o processo, resolvemos levantar questões mínimas, objetivas para apreciar o tema”, conta Pedro. O estudante explica que “a proposta não estava nada clara — e não apenas para a representação discente”.

O professor Gil da Costa Marques, presidente da Comissão Especial para tratar de Aprendizado Eletrônico na USP, remeteu à COP as respostas às questões levantadas. Mas o representante discente sentiu-se ofendido pelo teor das respostas: “Ele dá respostas ‘recorta e cola’, como se a gente não tivesse lido o projeto original. Tanto que o professor-relator [da COP] não quis ler as respostas”, revela Barros.

A COP rechaçou, por 4 votos a 3, o parecer do relator, apresentando como alternativa ao Instituto a criação de uma Coordenadoria para o Programa de Aprendizado Eletrônico. “Uma coordenadoria é muito mais facilmente revogável. Se não for o melhor caminho, que se volte atrás. Como o processo chegou sem pé nem cabeça, não havia a explicação de por quê tinha de ser um Instituto”.

Interrupção

Após este trâmite, a representação discente no CO redigiu uma carta sobre o IAE para a reunião de 2/9. Porém, no debate realizado no CO, a estudante Ester Rizzi teve seu tempo de fala interrompido pelo professor Gabriel Cohn, diretor da FFLCH, sob a alegação de que a leitura da carta produzida pelos representantes discentes redundava com as cópias impressas recebidas por todos os conselheiros. Barros reclama: “A leitura de um texto pequeno não ia tomar cinco minutos. A conseqüência do ato dele [Cohn] foi um prejuízo para nossa argumentação”.

Os estudantes questionaram a generalidade da proposta, falhas na justificativa e a falta de discussão sobre o papel do Aprendizado Eletrônico (AE) e do Ensino a Distância (EaD) na USP com atores importantes como, por exemplo, a Faculdade de Educação. “Parece-nos que a proposta é simplesmente ‘ampliar a oferta de cursos de nível superior no Estado de São Paulo’ (Resposta do Prof. Gil da Costa Marques aos questionamentos feitos pela COP, folha 21-frente), sem se preocupar com que tipo e com qual qualidade este ensino superior será oferecido e se faz sentido a USP, como um centro de excelência, oferecê-lo”, registra o documento.

Essa crítica também é feita pela professora Lighia B. H. Matsushigue, da diretoria ampliada da Adusp: “A problemática geral é que você tem todo um conjunto de ações, não só na USP, mas em todo lugar, para alçar o ensino a distância à condição de ensino válido, por si só”. Isso preocupa a professora no tocante à formação de docentes para a educação básica.

“Faltam professores em certas áreas, especialmente áreas científicas, como a matemática. Agora, pessoas que nunca tiveram envolvimento maior com a parte pedagógica propõem um instituto para concentrar todas as atividades de AE e EaD, e também canalizar dinheiro da Univesp. Isso está descendo de uma forma que parece indicar apenas o interesse de algumas pessoas em ter um espaço de mando.”

Barros estranha o fato de um projeto de conteúdo tão polêmico haver chegado ao CO sem nenhum histórico de contraditório: “[Isso] é uma picaretagem para o pessoal do ensino básico da rede pública, que não tem nível superior, conseguir um diploma. O que surpreende é que a Faculdade de Educação não tenha sido consultada. Esse trâmite a toque de caixa é reflexo da certeza, de alguns, de que o conselho [CO] é facilmente controlável”.

Referência?

O IAE é justificado, entre outras coisas, pela “crescente demanda de profissionais qualificados para o desempenho das novas funções da era da informação e comunicação”, e pretende tornar a USP um “padrão de referência para a educação a distância no Brasil”. Se aprovado, o Instituto coordenará os cursos ministrados pela USP para a Univesp. O primeiro projeto seria a criação de uma Licenciatura em Ciências através de EaD.

O professor Gil da Costa Marques, da Coordenadoria de Tecnologia da Informação (CTI), sustenta que não há relação imediata entre o IAE e a Univesp, embora a proposta cite que a criação do instituto “permitirá à USP, num primeiro momento, atrair recursos da ordem de 15 milhões de reais referentes ao programa Univesp” (p. 17). Segundo ele, as propostas de criação tanto da Licenciatura quanto de um órgão para o Aprendizado Eletrônico remontam à gestão Melfi.

No GT então criado, afirma, existia pelo menos um profissional da área da Educação (e ele lembra que na atual comissão há um representante da Pró-Reitoria de Graduação). “A professora Suely [Vilela] gostou da idéia de ter um orgão para pensar o aprendizado eletrônico. Essa comissão foi montada com base na comissão anterior”, declarou Marques ao Informativo Adusp.

Ele não responde se a melhor escolha para formar docentes para a educação básica é o EaD, mas avalia que pode ser a mais rápida: “A Sociedade Brasileira de Física aponta a existência de 50 mil professores de Física no Brasil que não têm um diploma universitário. Nós estamos formando cerca de 300 professores de Física nas licenciaturas por ano. Nesse ritmo, nunca vamos formar todos esses que precisam”.

Segundo Marques, a escolha pelo formato de Instituto parte do princípio de que uma Coordenadoria é um órgão administrativo, enquanto o primeiro permite avançar na área da pesquisa. Ele também afirma que os custos não costumam variar de um modelo para o outro.

Ensino à distância para substituir ensino presencial?

retirado do site da Adusp | 23 de junho de 2008

Propostas de ensino à distância, como a Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp) e a já implantada Universidade Aberta do Brasil (UAB) têm surgido, ultimamente, com muita freqüência (ver edições do Informativo Adusp 246 e 228, respectivamente).

As principais alegações feitas pelos defensores do ensino virtual são: 1) a oferta de oportunidades para as pessoas que não podem freqüentar o ensino presencial regular e 2) a urgência da formação de professores – cujo déficit nacional na Educação Básica está, de fato, na casa das centenas de milhares.

Tais alegações têm repercutido na sociedade por conta dos baixíssimos índices de atendimento na educação infantil, da enorme mercantilização do ensino superior e da péssima qualidade dos ensinos fundamental e médio.

Inúmeras instituições privadas, aproveitando-se do frenesi criado pelos defensores desse modismo, oferecem cursos rápidos com grande carga de aulas virtuais e “semi-presenciais”, que resultam em certificados de duvidosa utilidade.

Entretanto, essas alegações são altamente questionáveis. Inexistem cursos públicos presenciais em número suficiente e, portanto, as pessoas não têm acesso a eles. Por exemplo, no Estado de São Paulo, há cerca de 25 mil vagas em instituições públicas federais ou estaduais nesse nível de ensino contra meio milhão de conclusões do ensino médio a cada ano.

Grande erro

Tentar resolver o problema quantitativo da formação de professores por meio do ensino à distância é um grande erro, cujas conseqüências serão duradouras.

A formação inicial de um professor depende da interação sistemática estudantes-objetos de conhecimento-professores, coisa praticamente inexistente no ensino à distância.

Empregos

Há ainda dois fatores que mostram a inconveniência da adoção do ensino à distância no Estado de São Paulo.

A Assembléia Legislativa está apreciando o nosso Plano Estadual de Educação (PL n° 1.074/03), que prevê, entre outros aspectos, a expansão do ensino superior presencial e de qualidade.

Há um grande contingente de mestres e doutores, formados pelas instituições públicas paulistas, que não encontram emprego adequado e que poderiam fortalecer o ensino superior público presencial.

Diversos países adotam o ensino à distância em pequena escala e de forma complementar ao ensino presencial, atendendo sobretudo pessoas realmente impossibilitadas, por algum motivo sério, de freqüentar o ensino presencial: prisioneiros, pessoas com graves problemas de saúde e/ou de locomoção etc.

Equívoco

Porém, no Brasil e em São Paulo o ensino à distância tem sido equivocadamente defendido não como algo complementar, mas como substituto do ensino presencial.

Se a Univesp vingar, em especial para a formação de professores, certamente teremos mais uma dívida social a pagar no futuro, como pagamos hoje, e caro, por políticas inadequadas adotadas por sucessivos governos paulistas no passado.

A proposta da Univesp: uma leitura crítica

texto de maio/2008 | por César Augusto Minto (Professor na Faculdade de Educação da USP e 1° Vice-presidente da Adusp) e Maria Aparecida Segatto Muranaka (Professora no Departamento de Educação do Instituto de Biociências da Unesp-Rio Claro)

Este artigo apresenta uma breve análise do “Ante-Projeto de Proposta de Criação da Universidade Virtual do Estado de São Paulo – Univesp”, elaborado por uma equipe composta pelos professores: Carlos Vogt (coordenador), Waldomiro Loyolla, Geraldo Di i Giovanni e Jocimar Archangelo e tornado público no início do segundo semestre de 2007. (...)

A Univesp, segundo o documento, seria “um consórcio acadêmico-tecnológico" composto por universidades e instituições públicas do estado”, que teria como objetivo oferecer “educação superior semi-presencial, pública, gratuita e de qualidade, ampliando, nos mais diferentes aspectos, a oferta de cursos de graduação, pós-graduação e de formação continuada no estado”. Conforme autoproclamado, “Em uma frase pode-se resumir este propósito por expansão com qualidade e inclusão social!”.

A parte introdutória do documento enaltece o “elevado nível oferecido na área da educação a seus cidadãos” no estado de São Paulo, “o que, certamente, teve papel decisivo na evolução econômica e social de todo o estado”. Afirma que esse estado “apresenta os maiores índices de formação de pesquisadores e de produtividade em pesquisa de todo o país, como resultado do rigoroso exercício de uma exemplar política de amparo à pesquisa”, que contaria com a “indiscutível participação da FAPESP” (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Destaca, em especial, a qualidade do tripé – ensino, pesquisa e extensão – na Unesp, Unicamp e USP, cuja elevada disputa candidatos/vagas em seus vestibulares confirmaria “o alto nível oferecido na educação superior”. Mas lamenta o fato de que apenas “uma pequena parcela da comunidade estadual consegue o privilégio de desfrutar do ensino de qualidade oferecido pelas universidades públicas estaduais”.

Constatações à parte, salta aos olhos o teor do conteúdo explícito: 1) o acesso ao ensino superior público é visto como “privilégio”; 2) a concorrência no vestibular como critério de validação da qualidade do “serviço ofertado”; e 3) o auto-elogio da “boa política para poucos” como feito de pretensa e expressiva ação social. Vale dizer, segundo o documento prevalecem: o ensino superior como serviço (quando não mercadoria) e como um privilégio a ser usufruído por poucos, ao invés de ser um direito de todos; a adoção de critérios de mercado para balizar a qualidade das funções essenciais realizadas pelas universidades públicas; a exaltação de uma política elitista – seja para a educação superior pública, seja para a ciência e a tecnologia – no estado mais rico da nação, justamente aquele que pode e deve ostentar políticas sociais exemplares para todo o país. (...)

Leia o texto na íntegra aqui: http://www.adunesp.org.br/colegiados/2008/Univesp.pdf

A Universidade Virtual segundo Vogt

retirado do site da Adusp | 22 de outubro de 2007

Mal assumira a Secretaria de Ensino Superior, o professor Carlos Vogt já anunciou a criação da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp). Um folheto de 18 páginas, “Detalhamento operacional e orçamentário preliminar da proposta de implantação do programa Universidade Virtual do Estado de São Paulo”, apresenta as principais linhas dessa “universidade”. A julgar pela capa, a equipe “responsável” pelo programa é formada pelo próprio secretário Vogt (coordenador) e os professores Waldomiro Loyolla, Geraldo Di Giovanni e Jocimar Archangelo. Vejamos o que é autoproclamado.

De acordo com o documento, a “pedra basilar” da Univesp seria seu “foco social, promovendo a educação dentro de um ciclo virtuoso”, o que implicaria “prover o aperfeiçoamento da formação dos seus professores, que por sua vez oferecerão uma melhor formação a seus alunos, que poderão tornar-se melhores professores e mesmo melhores profissionais”.

A idéia seria iniciar um ciclo “de retroalimentação educacional para promover uma educação pública mais ampla e de crescente qualidade”, de acordo com a premissa de que tal início de ciclo seria “caracterizado pelo oferecimento exclusivo de formação superior a professores em atividade e que ainda não a possuem”. O texto destaca que “o próprio Estado necessita da formação de melhores professores, mas sem que estes se ausentem de suas atividades”.

Posteriormente, a Univesp passaria a oferecer “incremento da formação de professores que já detenham diploma de nível superior”, e, depois, trataria de ampliar “o atendimento da demanda social ao oferecer ensino superior de qualidade a pessoas que não tenham outra condição de freqüentar um curso superior”.

Preferências

Assim, o contingente preferencial da fase de implantação da Univesp seria constituído por 32 mil professores do ensino fundamental de 1ª a 5ª séries, “que ministram aulas em escolas urbanas e têm apenas o ensino médio completo”, mais 2 mil professores “que ministram aulas de 5ª a 8ª séries e também não possuem curso superior”, e outros 2 mil professores “que atuam na educação de jovens e adultos e na educação especial no Estado”.

O texto sustenta que os cursos de graduação a serem oferecidos pela Univesp aos 36 mil professores dessa leva inicial devem ser elencados com base nas “condições atuais” e nas “necessidades mais prementes do Estado em função dos recentes resultados do Saeb”, o Sistema de Avaliação da Educação Básica. E afirma que tais critérios resultaram numa relação de cursos que inclui Pedagogia e cinco licenciaturas: em Língua Portuguesa, Matemática, Física, Química e Biologia.

A pretensão é oferecer “ao menos mil vagas para cada um dos cursos de graduação propostos, alcançando 8 mil professores atendidos já durante o primeiro ano dos trabalhos”, os quais terão condições de “ao final de três anos de estudo já disporem de curso superior completo e ainda terem perfeita aderência da sua formação com as atividades desenvolvidas”.

“Sinergia”

O modelo operacional da Univesp teria como base a “sinergia pedagógica das universidades estaduais com o apoio comunicacional da linguagem televisiva, o alcance e a grande abrangência geográfica oferecidos pela Tv Cultura”, o que permitiria “apresentar programas-aula a um grande público disperso por todo o Estado usando um tipo de comunicação de ampla absorção pela sociedade brasileira”. Ao apresentar tal projeto ao Reitor e a outros dirigentes da Unesp, em 2/10, Vogt informou que a implantação da Tv digital permitirá a canais de sinal aberto oferecer entre quatro e seis programações simultâneas. “Queremos utilizar um desses canais da Cultura para a Univesp”, disse o Secretário.

Segundo o “Detalhamento operacional e orçamentário preliminar”, estudos e atividades desenvolvidas pelos alunos ocorreriam “tanto de forma presencial em pólos de apoio como por telefone e pela internet”, e aulas laboratoriais e avaliações aconteceriam “de modo presencial nos mesmos pólos”, que estariam sediados nas universidades públicas estaduais.

No modelo projetado por Vogt, caberia às universidades não só oferecer cursos, “tanto de forma consorciada como isolada”, a estrutura física dos seus campi e os laboratórios, mas também disponibilizar alunos, que poderiam “atuar como monitores das turmas”. Com isso, “haveria 30 cidades com pólos na fase inicial de implantação” da Univesp. Caberia à Fapesp o papel de “desenvolver alguns modelos de programas de amparo à iniciação pedagógica, incentivando a que mestrandos, e mesmo concluintes de cursos, desenvolvessem os trabalhos de tutoria”.

O folheto estima custos totais de R$ 158,5 milhões nos primeiros seis anos de implantação do projeto. Ao final desse período, calcula que o número de alunos formados em cursos de graduação e especialização chegue a 52 mil (já descontado um índice de evasão de 10%), havendo outros 27 mil em atividade nos cursos. Assim, “o custo total de cada aluno formado é próximo de 3.000 reais”.

Avaliação preliminar

Há tempos, insistimos na necessidade de ampliar o número de vagas no ensino superior público. Isso faz parte da defesa do direito de todos à Educação, com base em quatro premissas básicas – ser pública, gratuita, laica e de qualidade socialmente referenciada – e ser garantida pelo poder público.

A modalidade ensino à distância (EaD) tem sido propalada pelos governantes, à exaustão, como alternativa viável para aumentar o número de vagas no ensino superior em pouco tempo. Entretanto, o contexto sócio-político que permeia esse tipo de proposta coloca questões essenciais que, aparentemente, seus defensores persistem em ignorar e é preciso que nossa categoria as discuta.

A falta de compromisso de sucessivos governos com a Educação pública no estado de São Paulo resultou na fragmentação da área e na insuficiência crônica de recursos para a manutenção e o aprimoramento do seu sistema de educação pública. Isso fica bem explícito, por exemplo, no recente ataque promovido pelos decretos de Serra às universidades, na resistência do executivo e do legislativo em discutir o Plano Estadual de Educação, na disputa anual na LDO sobre o repasse da cota parte do Estado do ICMS para as universidades (há mais de uma década em 9,57%), e também na recorrente recusa de sub-vincular recursos para o Centro Paula Souza. Tudo isso, a despeito da ampliação de vagas ocorrida nos últimos anos nas universidades, e da expansão de Fatecs realizada de forma irresponsável pelos governantes no Estado.

Agora, com essa proposta de “universidade virtual”, fica cada vez mais claro o papel que o governo tenta atribuir à “educação superior”: instituir ensino de qualidade diversificada para diferentes parcelas da sociedade, preservando os “centros de excelência” para a formação dos quadros dirigentes e o EaD e outras formas aligeiradas de ensino para a maioria da população que consegue ter acesso a esse nível de ensino. Resultados altamente prováveis: pesquisadores separados do papel da docência e quebra do tripé que deve caracterizar as universidades: ensino, pesquisa e extensão.

É inegável a potencial contribuição das novas técnicas de informação e comunicação para a otimização do ensino e da aprendizagem, sendo portanto ferramentas importantes a serem assimiladas no processo educacional. Mas a verdadeira formação para a cidadania exige relações presenciais, professores bem formados e estudantes livres para desenvolverem trocas cognitivas que demandam ações artesanais, espaços de diálogo e discussão, condições reais para o exercício da construção de saberes cada vez mais úteis à sociedade.

Salvo melhor juízo, não parece ser esse o teor da proposta da Univesp.

São Paulo cria maior plano de educação a distância do país

Por José Eenesto Credencio e Fernanda Calgaro, da Folha de S.Paulo. Publicado em 03 de outubro de 2008.


Programa deve ser implantado no próximo ano e prevê que USP, Unicamp e Unesp criem 6.600 vagas

Um programa que envolve o governo de São Paulo e as três universidades estaduais paulistas - USP, UNESP e UNICAMP - pretende criar um sistema de ensino superior de graduação a distância, com ênfase na pedagogia, que prevê a abertura de 6.600 vagas já em 2009.

Segundo o secretário de Ensino Superior, Carlos Vogt, está definida a abertura de 5.000 vagas no curso de pedagogia, da Unesp, 700 de licenciatura em biologia e outras 900 de licenciatura em ciências, na estrutura da USP. Esses números ainda podem sofrer mudanças.

O primeiro módulo do programa, conforme o plano, terá cursos de graduação para ampliar a oferta de vagas na formação de professores em áreas básicas, como línguas, física, química e biologia. Somente na rede estadual de São Paulo, há 25 mil professores sem diploma superior -10% do total.

O detalhamento do programa, chamado Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), vem sendo discutido desde 2007 por governo, universidades e outras instituições associadas, como a Fapesp e a Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura.

O governador José Serra (PSDB) disse que o projeto é "fundamental". "É um instrumento novo, com um potencial grande, e nós temos que aprender, cada vez mais, a aproveitá-lo. Vai ser muito importante no ensino direto para os alunos, na formação de professores para complementar a sua formação universitária, na sua reciclagem continuada", disse.

Depois, o governo pretende expandir a Univesp para o sistema de gestão de ensino (cursos de capacitação oferecidos hoje pela rede estadual), além de cursos de especialização e de mestrado e doutorado.

A idéia, afirma Vogt, é criar uma rede virtual de ensino superior chancelada pelo prestígio acadêmico das estaduais.

Por meio da rede, o aluno poderá receber aulas, consultar uma biblioteca virtual e acompanhar pela TV o material de apoio pedagógico. O restante do programa pouco difere do ensino tradicional, com provas, aulas presenciais etc.

"Teremos um canal aberto 24 horas que repetirá a programação a cada oito horas", afirma o secretário Vogt. A grade curricular ficará a cargo das universidades.

O projeto prevê ainda bibliotecas e o uso da rede de unidades de ensino para as aulas presenciais -esse sistema, de acordo com o projeto, terá ao menos 70 pontos espalhados pelo Estado.

Instituto na USP
Na USP, a implantação dos cursos a distância de biologia e de ciências depende de aprovação de comissões internas.

Segundo Gil da Costa Marques, presidente da comissão na USP que debate o tema, outros institutos, como o de física, química e matemática, também foram procurados para propor a criação de cursos, mas a discussão ainda está no começo. "A idéia é instalar laboratórios em carretas, que seriam levadas de um pólo a outro. Os pólos seriam os campi da USP, na capital e no interior."

A USP também estuda a criação do IAE (Instituto de Aprendizado Eletrônico), que já está em estágio avançado. A Folha teve acesso ao projeto, que ainda falta ser votado no Conselho Universitário. De acordo com o documento, elaborado por uma comissão formada em dezembro de 2007, o IAE vai permitir a criação de uma diretriz de ensino eletrônico e ampliar a oferta desse mecanismo.
Segundo Marques, o instituto daria suporte à Univesp e também coordenaria o uso de recursos tecnológicos nos cursos presenciais, dando suporte operacional, pedagógico e à produção do material didático.

O plano do IAE prevê cinco docentes e um corpo técnico, com custo anual de R$ 1,19 milhão -0,05% do orçamento da USP, de R$ 2,3 bilhões.

Por José Eenesto Credencio e Fernanda Calgaro, da Folha de S.Paulo. Publicado em 03 de outubro de 2008.

UNIVESP: modelo amplia o acesso ao ensino superior

texto de 3 de outubro de 2008 | por Fernanda Galgaro, da Folha de S. Paulo.

Projeto pedagógico deve ter carga horária idêntica à do curso presencial e as aulas práticas

Educadores favoráveis à modalidade de educação a distância defendem que o modelo amplia o acesso de um maior número de pessoas ao ensino superior e também supre a carência de profissionais capacitados em determinadas áreas.

"A educação a distância é uma solução para essas necessidades", afirma Carlos Eduardo Bielschowsky, secretário de Educação a Distância do MEC (Ministério da Educação).
"Há muitas regiões que não têm instituições de ensino e os cursos a distância são a única maneira de essas pessoas conseguirem ter alguma formação", concorda Rita Maria Lino, integrante do conselho fiscal da Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância).

O projeto pedagógico deve prever uma carga horária idêntica à do curso presencial e as aulas práticas, em laboratórios, devem ser realizadas em pólos. "As pessoas não devem se preocupar com a modalidade do curso, se é presencial ou não, mas, sim, com a qualidade da instituição que oferece o curso, porque há cursos ruins tanto no formato presencial quanto no a distância", diz.

Não há diferença entre o diploma de um curso presencial e o de um a distância.

Em 2006, o governo federal criou a UAB (Universidade Aberta do Brasil), que articula programas de educação a distância de instituições públicas já existentes. "O objetivo é levar ensino superior público de qualidade aos municípios que não têm cursos de formação superior", diz Bielschowsky. Há mais de 70 instituições de ensino cadastradas e 315 pólos de ensino com aulas. A meta é chegar a 562 até dezembro.

"O conceito de educação a distância não é novo. A novidade dos últimos anos é o uso de diversos recursos tecnológicos que permitem uma interatividade mais dinâmica entre aluno e professor", diz Rita Lino, da Abed. O curso oferece aos alunos uma plataforma virtual, com acesso a conteúdo didático, aulas e interação com professores, além de conferências pela internet.

"Sou uma entusiasta do modelo porque esse tipo de curso depende da participação ativa dos alunos, o que faz com saiam com mais autonomia e senso de responsabilidade." Na opinião dela, a experiência é enriquecedora porque, muitas vezes, há um contato entre estudantes que estão em localidades distintas e, portanto, com realidades diferentes.

O Programa Univesp e a expanção do ensino superior público paulista

Carlos Vogt, poeta, linguista e secretário de Ensino Superior do Estado de São Paulo escreveu O Programa Univesp e a expanção do ensino superior público paulista, artigo que aborda a implementação da Univesp.

Publicado na Revista USP em junho/agosto de 2008, disponível neste link: http://www.ensinosuperior.sp.gov.br/sis/fl/download/artigo_revista_usp.pdf

Tecnologias poderosas, como TV e internet, a serviço da ampliação de vagas nas universidades

retirado do portal do Ensino Superior do Governo do Estado de São Paulo

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O ensino superior no Brasil enfrenta um desafio que tem como base uma demanda sempre crescente em termos de vagas e qualidade de ensino. Nesse quadro, intensifica-se a importância do quesito formação de professores. No Estado de São Paulo, somente no ensino infantil, temos, de acordo com o Censo de 2005, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), do MEC, um total de 66.453 professores, sendo 36% deles (ou 24.175) sem ensino superior. No ensino fundamental de 1a a 4a séries, no total de 126.650 professores, 27,2% (ou 34,4 mil) estão na mesma situação. Isso significa um montante de aproximadamente 60 mil professores trabalhando com crianças no início de sua vida escolar, sem qualificação superior. Existe no Brasil e em São Paulo uma grande carência de professores de ciências (Física, Química, Biologia, Matemática) e também de Língua Portuguesa, que necessita de uma resposta do Poder Público. É nesse contexto que surge o Programa de Expansão de Vagas no Ensino Superior Paulista "Universidade Virtual do Estado de São Paulo - PROGRAMA UNIVESP", apresentado pela Secretaria de Ensino Superior do Estado de São Paulo e com perspectiva de início no primeiro semestre de 2009.

O PROGRAMA UNIVESP não representa uma nova instituição. Trata-se de uma ação cooperativa, inclusiva, que tem o objetivo de articular iniciativas de sucesso para formação superior com base em novas tecnologias de informação e de comunicação realizadas pelas universidades estaduais paulistas - USP, UNESP e UNICAMP-, contando com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (FAPESP), da Fundação do Desenvolvimento Administrativo Paulista (FUNDAP) e da Fundação Padre Anchieta (FPA).

Fundamentos do Processo Pedagógico - Valendo-se da sinergia pedagógica das universidades estaduais, das competências já desenvolvidas e contando com poderosas tecnologias de comunicação e de informação, como as mídias internet e TV, o PROGRAMA UNIVESP poderá se tornar um importante instrumento para expansão do ensino superior, tendo como norte três princípios básicos: o acesso, a equidade de oportunidades ao ensino superior e a busca obsessiva pela qualidade. Para explorar a linguagem televisiva, que, na era digital, ganha novo formato e novas possibilidades de uso e de interatividade, o PROGRAMA UNIVESP se associa à Fundação Padre Anchieta, mantedora da TV Cultura de São Paulo, que destinará um de seus canais digitais aos seus programas-aula. Será um canal aberto 24 horas, com o nome já definido - UNIVESP TV - que repetirá a programação a cada oito horas.

Assim, o PROGRAMA UNIVESP poderá atingir um grande público espalhado por todo o Estado, incluindo alunos e cidadãos que não estavam formalmente matriculados. Para aproveitar a grande interatividade e integração comunicacional da internet para a área educacional, também serão utilizados sistemas que reproduzem e ampliam as possibilidades de ações pedagógicas normalmente usadas no ambiente de sala de aula - os chamados "ambientes virtuais de aprendizagem". Esses sistemas se baseiam em um ambiente que reúne uma série de recursos, tais como área para a disponibilização de materiais educacionais (textos, artigos, vídeos, animações, simulações, material didático, entre outros), transmissão online de vídeo-aulas, promoção de bate-papo (chats) entre alunos, fóruns virtuais, teleconferências com tutores e com professores, entre outros recursos. Já existem experiências significativas de uso e de desenvolvimento de ambientes virtuais de aprendizagem em vários países, inclusive no Brasil, onde se pode destacar o desenvolvimento de dois importantes ambientes virtuais de aprendizagem no formato de software livre, como o TeleDuc, desenvolvido pela Unicamp, e o TIDIA (Tecnologia da Informação no Desenvolvimento da Internet Avançada), financiado pela Fapesp e desenvolvido em vários laboratórios de pesquisa do estado e que fazem parte de um esforço internacional.

Implementação - As atividades do PROGRAMA UNIVESP estão previstas para serem implantadas em três diferentes módulos a serem desenvolvidos concomitantemente ou não, a partir do primeiro semestre de 2009: O primeiro módulo tem como foco a formação de professores em exercício nas redes pública e privada do estado. Nele está previsto a oferta de um curso de Licenciatura em Pedagogia e um curso de Licenciatura em Ciências, desenvolvidos a partir de experiências de sucesso realizadas na USP e na UNESP. O principal objetivo destas ofertas é promover a melhoria da educação no ensino infantil e no fundamental de 1a a 4a séries. Como mencionado anteriormente, isso representa um público-alvo de aproximadamente 35 mil professores.

O segundo módulo contempla a oferta de vários cursos de licenciatura como Matemática, Física. Química, Biologia e Língua Portuguesa. Também para o oferecimento destes módulos serão incorporadas experiências, já testadas, de sucesso de nossas universidades estaduais paulistas.

O terceiro módulo oferecerá cursos de capacitação, extensão, especialização e outras formas de educação para professores que já tenham um curso superior completo e que desejam seu aperfeiçoamento profissional. Estão programados, por exemplo, dois cursos de especialização: Especialização em Docência no Ensino Fundamental e Médio e Especialização em Gestão Escolar.

O acompanhamento dos estudos e das atividades pedagógicas será feito tanto de forma presencial, nos pólos de apoio instalados nas universidades participantes, como por telefone e pela internet. As aulas laboratoriais e as avaliações serão realizadas de modo presencial nos pólos, onde o aluno receberá apoio pedagógico, físico, administrativo e de serviços. Um conjunto de tutores estará continuamente disponível para atender aos alunos, pessoalmente ou por telefone e internet. Enquanto isto, o canal digital da TV Cultura estará transmitindo durante as 24 horas do dia os programas-aula.

Aspectos institucionais - O PROGRAMA UNIVESP vem atender a preceito do Plano Nacional de Educação, instituído pela Lei federal nº 10.172, de 2001, que em seu item 6.2 afirma "ser preciso ampliar o conceito de educação à distância para poder incorporar todas as possibilidades que as tecnologias de comunicação possam propiciar a todos os níveis e modalidades de educação".

Alicerçada nos pilares acesso, qualidade e eqüidade, a educação à distância possibilita maior abertura e flexibilidade do ensino, características que vêm ao encontro das finalidades do Estado. Para implementar um programa de formação de recursos humanos no âmbito do ensino superior com tal amplitude, já foram firmados, então, termos de cooperação entre a SEES e as três universidades públicas paulistas, a FUNDAP e a Fundação Padre Anchieta (FPA). Assim, foi estabelecida uma relação institucional, não hierarquizada, consolidada entre os Núcleos UNIVESP de cada parceiro envolvido no programa.

Vale destacar que os cursos serão oferecidos tanto de forma consorciada entre as universidades como de maneira isolada. Com isto, respeitam-se as peculiaridades regionais e o equilíbrio de certificação entre as universidades paulistas.

UNIVESP em números*

- 6.600 vagas já em 2009, destinadas nesta primeira etapa a professores em exercício;
Sendo que:
5 mil no curso de pedagogia, da Unesp e USP.
700 de licenciatura em biologia, da USP.
900 de licenciatura em ciências, USP.

- 70 pólos avançados de ensino para atividades presenciais

*Os números são referentes à primeira etapa de Licenciatura e podem sofrer mudanças.

Assessoria de Comunicação da Secretaria de Ensino Superior
Foto: Gilberto Marques

quinta-feira, 9 de abril de 2009

O porquê deste blog

O último Conselho de Centros Acadêmicos votou a criação deste blog por compreender que a discussão da Univesp, que será um dos eixos do movimento estudantil de 2009, precisa de um espaço que contenha textos, artigos e possibilite discussão mais ampla entre os estudantes acerca do tema.

O DCE possui alguns textos em seu blog (dcedausp.blogspot.com), assim como o CAF (fflch.usp.br/df/caf) e o CABio (cabiousp.blogspot.com). Serão bem-vindos novos Centros Acadêmicos que queiram colaborar no blog.

Blog feito. Empenhemo-nos em sua atualização!